quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Amiga

Lá vem ela, pescoço duro, pressão na testa, enjôo, impossibilidade de olhar um raio de luz sequer.

Minha mais antiga companheira e a que estará comigo depois que todos se forem, quando quiser que apareça, é fácil, um dia sem comer, um pouco de chocolate, refrigerante.

Até acho que, de certa forma, ela é minha amiga, me avisando quando estou passando dos limites, comendo de menos, dormindo de menos, fazendo besteira demais. E quando ela surge é fácil remediar, algumas horas deitado no escuro e tudo passa.

Já é famosa e importante, ao contrário de mim, ajudou Newton a descobrir a refração, Nietzsche a ter uma reclusão, enfim, digamos que ela teve bons contatos; porém, ela não deixa de ser um saco. Doença de mulherzinha, é fruto, ou não de problemas psicológicos, apesar de todas as historinhas, você está aí, firme e forte.

Pra você, minha melhor amiga, enxaqueca.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cacos

Um frasco cai no chão. Apenas mais um frasco, empurrado, por um acaso, para longe da mesa. Dentro dele apenas o seu asco, ao cair, ele gira no ar. Enfim, jogando para todos os lados um número de cacos e, do chão, ergue-se o odor da lembrança do perdão que dei sem que você merecesse. O seu casco pisando o chão. Um frasco em cima da mesa e você sorri ingrata. Jogo-o no chão, com uma cara de espanto, já você não se surpreende com nada, continua com seu olhar, daqueles que não sentem remorso, de quem já acabou muitos, e não pisca com o som do vidro espatifando, afinal, já está tão acostumada à destruição. Já desisti do perdão de instantes atrás. Fita-me, mas, eu não tenho coragem, fico apenas esperando você terminar, depois sair e desaparecer.

domingo, 14 de dezembro de 2008

tantos sonhos que já não se sonham mais
tantos desejos deixados para trás
tudo empilhado, às vezes jogado
esperando uma caixa para ser lacrado

quanto muda nosso querer
só não pode se comprometer
e não possuir mais nada
ser vazio, com a alma parada

e não é isso que me põe medo?
pelo que lutarei amanhã
se tudo deixou de ser o que era mais cedo

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Da terceira vez não passa?

Hoje quase morri, de novo. Depois de nascer em um parto onde só viveria um, eu ou minha mãe -e sobrevivemos os dois, depois de 1 mês de UTI pra mim e duas semanas de coma pra ela-, depois de cair de 8 metros de altura aos 6 ou 7 anos, agora há pouco, 20 minutos atrás(1:40am), um maluco vindo na contra-mão na 23 de Maio passou triscando no meu carro e foi se acabar no muro, ele deve ter morrido e quase levou minha família junto.

Acho que sou um tanto persistente.

editado pela manhã: achei na folha online uma notícia do acidente

domingo, 7 de dezembro de 2008

fundo

será que não podemos
apenas apaziguar
será que não dissemos
tudo o que estava no olhar
quando as coisas vão mal
quase sempre podem piorar
porém a vantagem de se ir ao fundo
é que as coisas só podem melhorar

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Tantas provas que a criatividade ficou sucumbida

sábado, 29 de novembro de 2008

menos um tijolo na parede

Nessas últimas semanas estou acompanhando o fim de uma memória viva. Moro, desde sempre, aqui e na frente da minha casa (um sobrado, na verdade) fica uma empresa de carro-forte, digo empresa, mas está mais para uma fortaleza, quase um castelo medieval. De uma maneira ou de outra, ela sempre teve algum efeito na minha rotina, seja por ver, enquanto ia pequenino para colégio, os homens armados com escopetas na porta de casa, seja pelo inferno de buzinas que era produzido todos os dias no final da tarde quando os carros-fortes faziam fila para entrar na garagem e travavam toda a rua.



Agora, todos os dias quando chego em casa vou até a janela para averiguar em que estágio já está, e por vezes fico alguns minutos assistindo os homens de marretas fazendo aquilo que pode ser uma das coisas mais importantes no mundo, que é o ato de destruir; pois, o fundamental não é o ato de lembrar, mas sim o de esquecer.

Ainda não sei bem o que significa tudo isso, mas sei que há algo. Mais um estágio do fim da minha infância? Talvez.

domingo, 23 de novembro de 2008

Antes que eu me esqueça

Das diversas coisas que me incomoda, uma das campeãs é a falta de memória. Fico aqui pensando que já me lembro tão pouco da minha viagem no meio do ano, que foi um momento especial, com certeza. Do primeiro semestre, então, não lembro praticamente nada, apenas pouquíssimos momentos isolados, mesmo sendo um momento de novidades e descoberta de algo todo novo que me acompanharia por cinco anos, a universidade. Imagino quantas coisas não se perderam no tempo, desmanchando, desfiando uma vida que passou; mas, a verdade é que não posso nem imaginar, porque já me esqueci o que esqueci.

Não vou dizer que não tem nada de positivo nessa incapacidade de lembrar, pude me reapaixonar tantas vezes; rir duas vezes da mesma piada; surpreender-me diversas vezes com filmes, livros, histórias... Talvez torne a vida mais emocionante.

Também, creio eu que há coisas que não se esquece. Como o quadro que ficou pintado na minha retina da paisagem borrada enquanto eu despencava de oito metros; do momento que, depois de anos jogando futebol com meu primo na infância, consegui dar meu primeiro drible completo nele; o dia de natal no qual eu corri atrás do papai noel até o quarto para ver por onde ele tinha escapado, mas não havia ninguém lá, apenas meu espanto em pessoa e um pequeno cético se tornando crente; a vez que uma garota disse que eu tinha cara de safado e, em vez de sorrir maliciosamente, como o esperado, fiquei apenas vermelho e calado.

Muitas coisas não se esquecem, mas, a maioria sim, é por isso que me levanei de madrugada e apanhei um caderno antes que isso fugisse de mim.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pedido

A USP, universidade na qual estudo e que é a maior do país, é muito precária em muitos sentidos, entre eles a conexão wi-fi. Tirando os prédios patrocinados por empresas - que visam as faculdades com alto retorno no mercado, como a FEA(economia e administração) e a POLI(engenharias) - poucos tem wi-fi, o meu próprio, da psicologia, não tem. A nokia está fazendo uma promoção porque quer dar um "presente" para a cidade de São Paulo, entre as opções para votar estão:
- o Connect book( livros em áudio )
- o connect art, guia de museu por celular
- o connect USP, que é o Wi-fi pro campus USP.

Gostaria de pedir, para os poucos que dão uma passada por aqui, que votassem neste último, e, se forem almas realmente caridosas, que façam propaganda disso por aí, porque os estudantes da USP realmente estão precisando. Sou muito desconfiado quanto essas ações de empresas, mas não custa nada tentar.

O site da votação:
http://www.nokiastoresp.com.br/site/

A votação vai até o dia 30 de novembro

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

[segundo do dia] ...o que é?

É, e depois de tudo
se em algum momento você acreditou
que não gostei de ti, que te traí
que boba você foi

E segue boba no mundo
alheia de mim

se não é o fim

[Primeiro do dia]

Tem dias que a gente fica
a tratar o amor como doença
deitado na cama esperando passar
com total displicência

Tem dias que ele é forte
e nos pega pelo pescoço
querendo sufocar aquele
que não liga para o desgosto

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Administração do Blog Informa

Oito dias atrás descobri o Google Analytics, coloquei aqui e descobri que recebo muito mais visitas do que podia imaginar. Estou recebendo uma média de 7,83 visitas diárias; porém, ontem, por culpa do Dahmer, recebi 48 visitas!

Mais uma dessas, Andre, e você me deixa rico.

A Administração

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Para me livrar

Sente e escreva aquilo que te dói
sem ter garantia de melhora
apenas exponha aquilo que te destrói
tentando colocar tudo para fora

Porque é mais fácil chorar em vão
do que encarar os fatos e jogar os dados
Querendo, quem sabe, uma ressurreição
um outro dia claro para olhar os prados

Mas não se espante, amigo, se ninguém te entender
se o tempo, sorrateiro e rude, a você trair
e não aparecer alguém para te socorrer

E não se assuste, também, se tudo mudar
se a esperança brotar tímida e depois surtir
então, dos dias ruins, você não vai nem lembrar

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Respiro a chuva fria que me toca mas não me molha, apenas escorre sem me querer

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Obama

A eleição de Obama, que será confirmada em poucas horas - nesse momento nem 1% foi apurado, mas ele está na frente, concretizará um fenômeno histórico. Finalmente, a nação que influenciou o mundo mostrará pela primeira vez uma grande influência do mundo sobre ela, um sentimento de indignação contra o atraso do pensamento estadounidense em relação a diversas questões que já mobilizam muitos ao redor do globo.
A vitória de Obama não trará mudanças tão radicais, quanto alguns ingênuos pensam, no campo político e econômico ou no capitalismo em geral, mas a sua vitória é um marco ideológico, o que Obama simboliza é muito mais importante do que ele é, e a mobilização que acontece no mundo pela sua vitória já mostra isso.

Bom, uma pequena análise rápida e muito superficial que resolvi fazer antes de dormir, só pra dizer que falei antes dele se eleger.

Boa noite.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Divulgação

XIII semana de psicologia
Instituto de Psicologia
da Universidade de São Paulo


Segunda-Feira [03/11]

9:00 • 12:00 “O que é loucura?”
Juliano Pessanha (escritor e filósofo)
Luiz Fuganti (Escola Nômade de Filosofia)

14:00 • 17:00 “O que é saúde?”
Adriana Marcondes Machado (IP – USP)
Peter Pál Pelbart (PUC – SP)


Terça-Feira [04/11]

9:00 • 12:00 “Produtividade e prática acadêmica”
Ana Maria Loffredo (IP – USP)
Revista TransFormações (IP – USP)

14:00 • 17:00 “Psicanálise e teoria social”
Christian Ingo LItálicoenz Dunker (IP – USP)
Raul Albino Pacheco Filho (PUC – SP) - a confirmar

17:30 • 20:30 Filme: Psicose
Comentador: Inácio Araújo (Folha de São Paulo)


Quarta-Feira [05/11]

9:00 • 12:00 “Os intelectuais e o poder”
José Sérgio Fonseca de Carvalho (FE – USP)
Paulo César Endo (IP – USP)

14:00 • 17:00 “O papel de cada um na escritura da história”
Tales Ab’Sáber (Sedes Sapientiae)

21:00 Cervejada (Estacionamento da clínica do IPUSP)


Quinta-Feira [06/11]

9:30 • 12:00 “Psicologia, clínica e ideologia”
Daniel Kupermann (IP – USP)
Miriam Debieux Rosa (IP – USP)

14:00 • 17:00 “Politzer: 80 anos de Crítica dos fundamentos da psicologia”
José Moura Gonçalves Filho (IP – USP)
Osmyr Faria Gabbi Junior (UNICAMP)

17:30 • 20:30 Filme: Um corpo que cai
Comentador: Marco Scarassati (Cásper Líbero)


Sexta-Feira [07/11]

9:00 • 12:00 “Quem precisa de psicologia?”
Júlio Groppa Aquino (FE – USP)
Luis Antonio dos Santos Baptista (UFF)

14:00 • 16:00 Conferência de encerramento
Luiz Cláudio Mendonça Figueiredo (IP – USP)



Dúvidas e informações:
xiiisemanapsi@yahoo.com.br / cartaroubada@gmail.com


Local:
Instituto de Psicologia da USP
Sala 20 - Bloco B
Av. Prof. Mello Moraes, 1721
Cidade Universitária
São Paulo - SP

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

No silêncio da noite

No silêncio da noite
é quando se ouve o que de dia é esquecido
Escuta-se a janela do vizinho abrindo
o gato pardo grunhindo
até a sua própria respiração
No silêncio da noite
é também, que se escuta o coração
sem nenhuma mentira para abafar
a sua voz severa invoca o passado
e conta uma verdade que não se quer escutar

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Quem

Sou alguém que não tem um prato favorito, nem um filme ou canção
que não lembra da roupa usada no nosso último beijo
que não sabe quem manda no próprio coração

Sou o homem que não lembra o que sonhou ao acordar
o que comeu ontem e o que vai fazer amanhã
que não sabe mais o que esperar

Sou daqueles que se lembra do que ninguém acha interessante saber
mas, não do que fere as pessoas ao ser esquecido
que não sabe o que quer ser quando crescer

Sou quem prefere bebida fria à quente
que conta mentiras, mas busca ser o mais fiel possível
que, quando deseja algo, não sabe desistir até ficar contente

Sou do tipo que com um pouco de paciência se mostra um ótimo [amante
mas, que não tem tato e confiança para conquistar mulheres [eficientemente
que um dia pecou e não soube valorizar o que era importante

Sou aquele que não é para poder ser
que sabe que vive pois sente, pulsa, quer e chora
que busca nada muito além de conhecer

Sou a pessoa que ontem se viu morta e renascida
que hoje aprende com os erros o máximo que pode
que revê os seus valores pela fraqueza para sair fortalecida

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

ódio incriativo

Maldita inspiração que não me vem
espero que queime no inferno
pois por causa da inspiração maldita
não pude escrever o que quero

O que fazer quando as rimas não rimam?
Faça de um jeito que pareça moderno
Porém, quando se pensa mais em sinônimos do que no que se sente
é porque há algo de errado na mente

Então você continua, teimoso e caquético
até criar esse Frankenstein patético
poema estúpido, inválido, acéfalo... porém vive
mas e os outros, os mais belos?

domingo, 5 de outubro de 2008

E na noite, ele caminhava. Invertendo os sentidos que o eram apresentados, apenas podia saborear o conhecimento de sua própria desilusão com aquilo que já tinha sido importante e não era mais, ou melhor, que ainda era importante, mas não tinha mais condições de ser. No alto da cidade, uma torre se conservava, com sua luz alaranjada sendo ludibriada pela névoa, diferente do lúcido homem que respirava solidão acompanhada da previsão da morte causada pelo fato de não se ter nada nos pulmões além dela, mas com a convicção de que tudo voltará a ser o que era, só que não com os mesmos elementos e as suas partes; já que tudo um dia mudara, tudo um dia mudará e a única escolha para quem está sem ar é se encher.



(continuarei um dia, quem sabe)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Lex Parsimoniae

Vou deixar sim
pode se tranquilizar
Vou deixar que viva sem mim
se é assim que tem que ser
Porque agora nada mais faz sentido
o dia virou, a hora se esgotou
e esgotados ficamos nós

Vou deixar que você me esqueça
e eu também te esquecerei
Vou deixar que eu seja só mais um
se é assim que tem que ser
Porque todos tem o potencial para ser a pessoa da sua vida
ou para ser apenas um para nunca lembrar mais,
a única diferença é o esforço que você faz

Vou deixar que você ache alguém mais estável e menos complicado
um engenheiro pragmático ou um ninguém que aceite todas as coisas [que os jovens inventam e gostam sem saber porque
Vou deixar que as coisas acabem sem motivo qualquer
da mesma forma como sem motivo isso tudo começou
Espero que as saudades não seja a única companheira do seu coração
que você não se lembre de mim aos domingos chatos
e que nunca pense em pedir perdão

Errei sim, mas não de propósito
mas é pena que às vezes você só perceba o fim quando é tarde [demais
Já você, querendo não dar a esperança de algo que não poderia [existir
me feriu com a cruel sensação de já ter sido tudo e agora ser nada
Mas, talvez isso você não perceba jamais

Porém, não se preocupe com meus sentimentos
pois a época de sofrer já se foi e agora só ficou o vazio
Nem dor, nem felicidade, apenas a vontade de dizer adeus
Vou deixar que você me deixe
e deixar que eu te deixe também

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Não há pecado maior no mundo do que falar mal do amor; portanto, quando estiver amando, daquele tipo que faz seus braços pegarem fogo e que trás felicidade mesmo quando é para haver tristeza, escreva a primeira coisa que vier a mente e ela será linda. Então, no dia em que estiver desiludido e, por uma infelicidade, resolver pensar que o amor não vale a pena, volte ao que escreveu e se deixe convencer.

A vida não tem sentido, mas acredite no amor e terá um motivo para viver

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Rosa Amarela

Amor, antes eu trazia uma rosa vermelha
agora eu trago uma rosa amarela
para que você não saiba que ainda te amo
para podermos nos ver como amigos no fim de semana
pra te reconquistar sem você saber, na surdina
pra te ter de volta, meu anjo
vou te enganar, mas por favor não se engane
e não diga que seu coração não está falando algo
E para você, um poema sem rimas
porque nosso amor sempre foi assim
diferente, porém o mais belo de todos

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Por ter percebido cedo que o mundo não era fácil, ele logo se destacou, julgava-se preparado para tudo que poderia vir e realmente parecia estar; mas, aquele que parecia o mais forte dos homens, agora parece ser o mais frágil deles.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A chuva parou e você não voltou

Você pensa que me engana
quando diz que é o fim,
falando que não me ama
mas você só se engana assim.

No dia em que acabou,
chorou como poucas
e me aconselhou
que por aí existem outras.

Mas, o meu mar não está para peixe
lá eu não tem nada que eu queira pescar
e, meu barco, quero que o deixe
para o dia em que eu for te buscar.

Uma pergunta daquele que foi seu amor
e que espera um dia voltar a te beijar,
você voltaria comigo sem dor?
Pense bem, eu espero a chuva passar.

Vem e me chama pelo meu sobrenome,
já que há coisas nossas que só você pode saber
e um amor como o nosso não some
de uma hora pra outra, que nem você se faz querer.

Pare de resistir,
pare de sofrer,
aceite-me no seu devir,
deixe-me lhe ter.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Meu mundo

Quando eu chegar, eu vou te beijar e te cheirar, te cheirar, te cheirar, te cheirar, te cheirar, te cheirar, na tentativa de te tragar para dentro de mim e, se não conseguir, abraçarei você tão forte que nossos corpos vão se fundir, até nos tornarmos um só, eu dentro de você e você dentro de mim. Então, seria de bom grado se a Terra e tudo mais desaparecessem, ficariamos flutuando no nada e você seria o meu mundo.
Entretando, contentaria-me com um beijo seu apenas, porque nem isso é possível agora.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Fui viajar, até agosto

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Calibre para poucos

Estava ele ali, o pobre coitado do homem enciumado. Ninguém é mais infeliz no mundo do que aquele que planta sua própria desgraçada na preocupação imaginativa. Toda a vez que a mulher saía com as amigas era a mesma história, seu estômago se voltando para dentro e digerindo todos seus órgãos, mas devagar, porque rápido seria bom demais e aqui estamos falando da tortura mais bem feita e que nunca se planejou, apenas apareceu.
O pior de tudo é que o danado não podia evitar, toda noite a mulher repetia a mesma coisa, que ele não era homem direito, que não a tratava com o devido respeito e aquele casamento não passava de uma acomodação em meio de brigas. Oras, seria mais do que natural de que ela aceitasse o primeiro homem que preenchesse todos esses requisitos, porque ser gentil e carinhoso por algumas horas, alguns dias e, vá lá, uns poucos meses é fácil, mas ele queria ver todos esses abutres amando ela por tanto tempo quanto ele. Talvez fosse ele apenas um incompreendido, amava tanto e não sabia demonstrar o que sentia de maneira adequada. E era assim que ele ficava, como um desses gatos que se roçam na gente e não pedem carinho, mas fazem ele mesmo, só que aqui ele não tinha com quem se roçar; às vezes também parecia bicho, virava fera e dizia que naquela casa a mulher não pisava mais, que tudo isso que ela fazia era um ultraje a sua paciência e a sua honra, pois onde já se viu mulher comprometida dando banda por aí?
Mas a mais pura verdade era que, quando a mulher voltava ele dava um sorriso e fingia que nada aconteceu, porque sabia que as coisas eram assim, e dizer que tinha ficado bravo só iria a enfurecer e aí sim que ela ia procurar por outro. Dava um abraço bem apertado, desejando que ela não saísse mais de perto dele; mas, como sabia que as coisas não funcionam assim, ele somente fingia que era seguro demais e era ele que deixava ela passear, e não ela que só ia e não falava nada, afinal homem que é homem é assim, confia no pobre calibre!

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Perdido na Praia da Barra

Foi ali na Praia da Barra, junto a alguns quiosques que eu estava. Tirei a aliança para entrar no mar, voltei e enquanto conversava veio uma onda, sorrateira, traiçoeira onda e jogou nossa aliança no mar.
Hoje te dei um novo par de alianças, e aproveitei para escrever essa carta de amor. Olhe só para nós, dois anos depois e trocando alianças de namoro novamente(como se fossem apenas dois anos, também). E eu buscando presente de dia dos namorados para você, difícil, afinal eu já te dei de tudo: roupas, bijouterias, jóias, CD, flores... Como tudo, até os presentes caíram em uma rotina, mas acho que isso não se pode evitar. Afinal, quem disse que a rotina é ruim? Só não gosta da rotina aquele que não gosta do que faz, e eu gosto de você.
Agora fico pensando sobre o anel enterrado na praia, e em um arqueólogo que daqui a muitos anos irá encontrá-lo, descobrir que alguém começou a namorar uma Amanda La Porta no dia 20-04-06 e se perguntar se ele a amava, até quando durou. Ou talvez ninguém a encontre nunca, e será igualmente belo.

Um beijo para você Amanda,
Pedro Oliveira Obliziner
12-06-08

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Alguém puxe o freio de mão

Cinco homens em um carro:
-Olha lá, tem uma pedra enorme na estrada.
-Verdade, você tem que parar o carro, se não vamos bater.
-É, temos que parar o carro.
-Isso tudo é uma farsa, pode continuar, não existe pedra nenhuma.
-Tá louco? Olha a pedra ali! Como você não acredita nela? Tá na sua frente.
-Você só quer desestabilizar nosso motorista, ele não precisa parar.
-Não, é verdade, precisamos parar - disse o motorista enquanto acelerava ainda mais.
-Não temos escolha, alguém vai ter que puxar esse freio de mão - disse um deles, colocando a mão no freio de mão.
-Vamos morrer, vamos morrer! Como ninguém impede essa catástrofe? - exaltou-se um deles, vendo a pedra cada vez mais próxima.
-Fiz um levantamento de dados e conclui que se reduzirmos 10km/h a cada cinco segundos conseguiremos parar com segurança - disse o outro com dezenas de gráficos e papéis no colo.
-Esses dados são falsos, você está tentando manipular a opinião pública - concluiu o cético.
-Já sei, vou fazer um filme, então as pessoas conheceram a verdade e farão algo para parar nosso carro!
-Genial!
-Genial!
-Genial!
-Um filme falso com dados falsos.
E nisso o carro se espatifou na real e enorme rocha.

sábado, 7 de junho de 2008

Como eu sou, como eu fui e como eu serei

Ainda não decidi como vou começar isso, mas vamos lá.

2007 foi um ano de diferente para mim, passar no vestibular e estudar mais de 6 horas(fora aula) foi um verdadeiro desafio mesmo e me ajudou a perceber quais eram meus limites e capacidades. Toda essa história modificou completamente minha personalidade, completamente mesmo, e eu achei que o que ficou seria uma forma um pouco mais sólida, que ia suportar mais algum tempo, mas agora estou começando a perceber que não ficou nada, a transformação não terminou e agora parece que não sabe mais para que lado ir.
Uma das coisas que modificou em mim fora um traço que eu sempre tive de... autoconfiança beirando a arrogância, eu tive um momento de "iluminação" e percebi a humildade é talvez a maior qualidade que um homem pode preservar e a busquei. Só que agora eu também começo a entender que aquela minha confiança exagerada era uma espécie de escudo.

Escudo de um medo que sempre tive, de me tornar um fulano, ou um João, como dizia Garrincha. Acho que todos nós temos o sonho de sermos únicos, de nos destacarmos, virar a pessoa mais importante no mundo, a maioria de nós perde esse sonho com um tempo, geralmente pouco tempo, isso é normal, todos nós deixamos alguns de nossos sonhos pelo caminho, mas esse acho que nunca vou abandonar. A idéia de ser apenas mais um me corrói o tempo todo, a única motivação que eu muitas vezes tenho contra a preguiça, meu pior defeito, é a necessidade de lutar para não virar apenas mais um. A humildade que eu tentei alcançar me fez perceber todos meus defeitos e olhar ao redor, analisar bem as pessoas, e acho que percebi que não sou nada mais do que essas pessoas, a minha arrogância, minha certeza de que era um gênio e entraria para historia era uma proteção da dura realidade. Agora eu entendo que devo recuperar minha presunção, porque não sei se consigo viver sem ela, já está difícil; entretanto, não sei se consigo recuperar ela, porque a medida que você enxerga algo é difícil esquecer.

É importante ressaltar também que, apesar de eu usar a palavra arrogância, o que eu quero descrever não é tão grave quanto o peso que essa palavra carrega. Nunca destratei ninguém, nem fui mesquinho, era algo interno, que eu guardava para mim apenas.

Esse texto ficou horrível também, pensei demais no que eu estou sentindo do que nele.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Pé de Jabuticaba

Pé de Jabuticada

Quando era pequeno havia em meu sítio um pé de jabuticaba.
Todas as férias junto do meu primo eu escalava o pé de jabuticaba.
De dentro dele não podia ver nada, sua copa era tão densa que só via a sombra que ela fazia; mas, o pé de jabuticaba era lindo, com suas infinitas possibilidades de tajetos através de seus inúmeros galhos, que ficavam mais frágeis a medida em que subia.
Incomodava-me o fato do meu primo subir sempre mais alto do que eu, ficando com as melhores frutas, às vezes me passando algumas lá de cima. Não era uma questão de competição, apenas um desejo de estar ali, cada vez mais alto, até estar acima das árvores e ficar a um nada de decolar.
Um dia não tomei consentimento do medo de cair, escalei um galho após o outro, até que o último apareceu a minha frente, então eu me estiquei, até a última fibra do pescoço, coloquei a cabeça além das folhas e vi o mundo!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Escrever

Cada instante que passa eu sinto cada vez mais que meu futuro é escrever, de vez em quando me pego nessas duas primeiras semanas de aulas de Psicologia me perguntando, durante a aula, o que daquilo que o(a) professor(a) poderia ser útil e para o que num texto. Claro, nem de longe já estou considerando desistir da psicologia; escrever, por enquanto, está mais para um daqueles hobbys que toma todo seu tempo livre(e algum tempo não livre, como a aula) em que você fica pensando sobre ele, e não o pratica de verdade.

Mas o que anda me perseguindo mais é o como irei escrever, já que eu não o sei. Talvez o pior não seja nem isso, mas eu não tenho idéia de como se começa a inventar algo para depois fazer uma ficção, se é que eu vou escrever ficção, porque também não sei.

Ou talvez o mais grave é o fato de que a cada dia que passa a minha habilidade pífia de escrever parece que escorre para fora da minha cabeça, estou tendo dúvidas de português que nunca tive e meu texto não flui mais do jeito que fluía.



Talvez possa ser apenas o começo de um adeus para mais um sonho. É engraçado que, a medida que envelhecemos(olhe só para mim, falando de envelhecer com 19 anos), vamos diminuindo aquela longa lista de sonhos que tínhamos e que ainda poderiam ser alcançados, depois apenas vamos contemplando os que sobraram, nos perguntando se ainda dá tempo; então, alguns simplesmente desistem por achar que não podem dar a si mesmo uma última tentativa para vê-la se perder como todas as outras.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Veja isto!

"E a blogosfera brasileira começa a se organizar para fazer um "Bombardeio Google" contra a revista Veja. Tudo começou quando Nassif resolveu jogar merda no ventilador. O fato não está sendo divulgado pela grande mídia por motivos óbvios. Leia aqui os detalhes da ação."

Retirado do blog do Andre Dahmer, que, além de me manter informado disso e de muitas outras coisas, me fez aprender a linkar palavras, demais! Então, não se esqueça e Veja logo isso tudo!

Meu plano era não colocar nada político ou que tivesse relação com qualquer coisa da minha vida que não fosse meus pensamentos idiotas, mas estou abrindo essa exceção.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Poder, Bem e Mal

Eu ainda não consolidei direito minhas idéias sobre esse assunto, portanto não deveria estar escrevendo, mas irei escrever do mesmo modo; preciso ler mais sobre isso, talvez Nietzsche e Foucault(mas acho que esse último é me arriscar demais). Irrito-me quando meus conhecimentos não são o suficiente pra formar uma reflexão, mesmo que esteja errada - e na maioria das vezes estão, como vocês podem ver abaixo; isso acontece muitas vezes, mas me irrita, acho que isso que me impulsiona a estudar.



Alguma vez você teve a experiência de alguém lhe dizer que vai dedicar a vida para que a sua seja bem sucedida? A não ser seus pais, provavelmente ninguém dirá isso honestamente, porque as interações sociais não funcionam deste modo, ninguém dá ajuda a ninguém sem receber a mesma ajuda; muitos dizem que a lei da natureza¹ é aquela de sobreviver ou ser morto, mas talvez a lei mais importante é a que a ajuda mutua trás muitos benefícios, os quais antes eram inalcançáveis sem ela. . A cooperação com dependência nos ensina a dose certa de poder que uma relação deve ter, pois nenhum dos dois organismos é mais poderoso que o outro; na verdade, ambos tem a vida do outro nas mãos, mas se a tirarem, sua vida também será comprometida.
Observando isso, e guardando as devidas proporções, podemos tirar duas conclusões: ninguém ajuda outra pessoa para ver o bem desta, mas sim o seu próprio bem; sendo assim, será que nossa forma de governo tem alguma chance de dar certo? Ao subir no posto de Presidente, ou Senador, aquela pessoa realmente quer o bem da nação como ela diz, ou apenas poder²? Também não acredito que há meios de ajudar uma pessoa em um cargo de poder da mesma forma que ela ajuda a nação, e nem acredito que isso seria justo, porque ela não está lá para receber benefícios - na teoria.
Portanto, o que leva um homem a buscar um cargo de poder? A possibilidade de bondade incondicional não me é muito cativante, pelo contrário, para mim parecemos mais um bando de egoístas do que samaritanos. O que leva um homem a um posto ditatorial e repressivo? A possibilidade de puramente sadismo também me parece estranha, será que há pessoas que simplesmente querem o mal dos outros? Na verdade, os outros pouco importam nisso, e sim o "eu".



¹ Preciso escrever sobre toda essa história de natureza que tem uma grande influência sobre meu pensamento, vou tentar lembrar de fazer isso qualquer dia.
² Viu? Aí está minha falha, não tenho artifícios suficientes pra discutir o "poder".