terça-feira, 30 de outubro de 2007

Historicidade

"Naquele movimento das Diretas Já no centro de São Paulo, eu estava no Viaduto do Chá, quando olhei para baixo e vi aquela gente, eu nunca havia visto tanta gente na minha vida. Parado ali eu pensei, lembrei-me de como 10 anos atrás, na USP, era impossível fazer uma reunião para discutir problemas interno, pois você era preso, e agora mais de um milhão estava protestando. Naquele momento eu descobri o que é 'historicidade', e percebi que a sociedade está sempre mudando, mesmo quando não parece."
-Jucenir da Silva Rocha

Essa frase do meu professor de história do Brasil me levou a pensar muitas coisas, uma delas é um tema recorrente aos meus pensamentos, sobre a mudança, sempre achei incrível como podemos mudar tanto em tão pouco tempo; mas sua frase ampliou o meu conceito para a sociedade, achei magnífico.
Mudança, aliás, é a palavra que resume esse meu ano de 2007. No começo do ano eu era um outro Pedro, de um outro mundo, estúpido. Fui aprendendo aos poucos, vendo minhas idéias serem destruídas pelo conhecimento, mas não há como descrever o prazer intelectual de descobrir algo novo, de mudar um paradigma. Hoje não sou um sábio, mas pelo menos sei que não sei de nada, comecei esse ano carregando pensamentos que julgava verdades incontestáveis, e terminei esse ano sem nada, e isso é bom. E os homens responsáveis por isso foram meus professores, e também não tenho como descrever como os respeito.
Já há algum tempo eu anoto o nome de todos os professores que tive e que foram importantes para mim - do cursinho são todos - para um dia retribuir, não sei como o farei, mas ensinar é a profissão mais bonita, com certeza.
Sei que daqui um, ou dois anos todos eles vão se esquecer de mim, eles tem centenas de alunos todos os anos, mas eu não me esquecerei deles.

Termino aqui meu texto, caro leitor fantasma, com diversas digressões confusas; talvez você tenha se perdido pelo caminho, mas eu me encontrei.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Por um acaso

É engraçado pensar no que pode acontecer devido a um fato qualquer que você faça, um coisa banal que se transforma em um desastre(pelo menos no momento que acontece, isso é assunto pra outra vez). Acho que é por isso que a Teoria do Caos é tão importante para mim.
Acho que se o Destino é Deus, o acaso é o Diabo. Porque enquanto o destino nos conforta com a idéia de "sou uma boa pessoa, um dia serei recompensado", ou "eu a conheci porque era meu destino", o acaso vem como uma marreta para destruí-lo; o acaso nos mostra que aquele fato inusitado poderia não ter acontecido por um movimento errado, nos faz perceber como somos suscetíveis aos nossos erros. Ainda o pior: nos faz imaginar como estariamos se tivessemos feito X em vez de Y e quando você menos percebe você virou um covarde, com medo de agir só porque há chances de ter um efeito inesperado.
O que pode trazer mais terror, porém, e quando perdemos totalmente o controle da situação. Naquela hora em que apenas podemos sentar no barco e esperar a curva para ver se aquele barulho é mesmo uma cachoeira. Momentos que fazem sua vida modificar-se totalmente, e você ri de como seus planos eram tão 'naive'.
Por sorte nunca passei por tal situação, só achei que estava passando, e acho que foi o dia mais assustador da minha vida.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Das impossibilidades

A abelha é um dos animais que mais me fascina. Na verdade quase todos os animais me causam admiração, porém alguns mais, e as abelhas estão nesse quadro. Não apenas pela enorme capacidade de organização que tive oportunidade de estudar quando fiz meu curso de apicultura uns anos atrás(procuro a minha apostila até hoje para reler), também pela sua criatividade(algumas abelhas indígenas, que tem ferrões atrofiados, se enrolam nos pelos causando dor ou simplesmente entram pelos orifícios que acham, narinas, ouvidos...), mas principalmente por um estudo até que bem conhecido que diz que a abelha é incapaz de voar. Segundo a pesquisa a abelha não tem forma aerodinâmica e é muito pesada para o tamanho de suas asas, então como ela voa?

Agora você pode estar temendo que eu comece um discurso de auto-ajuda, pois não vou.

A possibilidade do impossível me fascina porque sempre o quis em minhas fantasias. Desde pequeno meu pedido ao cortar o bolo de aniversári, ver uma estrela cadente ou qualquer outra coisa sempre foi ser imortal. Quando falava isso sempre argumentavam que deve ser horrível ver todos que você gosta morrerem e continuar vivo, mas nunca me incomodei com isso(provavelmente isso tem origem no meu conceito de morte, sobre o qual posso discorrer no futuro). Só de pensar em ficar aqui e observar tudo que acontecerá no mundo até o seu último dia vale mais do que a pena esse sofrimento.
Por isso gosto da personagem Vigia, da DC. Por isso gosto de história. Por isso gosto de ciência. Não é a ciência apenas uma forma de conhecer o mundo? Hoje percebo que esse é o meu maior prazer e ao ver posições, antes defendidas até por mim, que a vida não tem razão alguma para existir só posso pensar que são absurdas. Não existindo sentido na vida, não existiria sentido na ciência. Não existindo sentido na ciência, não exestiria sentido em minha vida.







Ou devo levar a ciência como uma forma de prazer que existe apenas para dar alívio ao homem?
Nada sei

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Grandes Homens

Do que são feitos grandes homens?
De atitude e um bocado de sorte eu diria. Quando eu penso em pessoas assim me recordo de algumas histórias, verdadeiras, de personagens importantes. São Francisco de Assis, já é sabido que na época pessoas criavam pássaros soltos que se domesticavam e ficavam mansos, livres para ir e voltar(algo semelhante ao que minha avó fazia, tive vários passarinhos que andavam no meu ombro na rua quando era pequeno), então ao fazer um discurso, esse futuro santo que já carregava muito prestígio aponta para o horizonte e eis que pousa uma dessas aves em seu braço.
Mais magnífico ainda são momentos que não dependem apenas do "destino"(entre aspas pois não acredito neste), mas de uma certa coragem e idéias brilhantes. Napoleão(uma das minhas figurinhas históricas favoritas por causa das suas atitudes), em uma batalha onde seus homens estavam sendo violentamente alvejados pelas balas dos inimigos, temendo assim avançar, tomou a frente do pelotão. Um soldado preocupado alertou seu comandante-em-chefe do perigo e este respondeu "Ainda não foi fundida a bala que me matará".
Há momentos em que apenas sabemos que tudo irá funcionar, há outros
que algo simplesmente acontece, ambos constroem grandes homens. Alguns podem indagar se esses acasos não tivessem ocorrido eles seriam menos do que são, afinal todas as suas qualidades que os tornaram importantes ainda existiriam, mas eu acredito que não. Como no filme do Woody Allen, "Match Point", onde o protagonista encerra a película dizendo "Se me perguntassem se eu prefiro ser um homem habilidoso ou um homem de sorte, eu responderia que prefiro ser um homem de sorte".


Afinal um goleiro com mãos rápidas pode salvar um time, mas um goleiro com sorte ganha o campeonato.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Aprender, arrepender e outras conexões

Não existe pessoa mais errada do que aquela que usa o velho lugar-comum dizendo que nunca arrependeu-se do que faz. Muitas vezes essas pessoas se utilizam desse chavão sem refletir, apenas para demonstrar como são convictas e fortes. Mas como reação expõem suas fraquezas, uma pessoa que precisa parecer melhor para si, de fora para dentro. Não que não estamos todos sujeitos a isso, o que importa é como lidamos com isso, uma pessoa assim dificilmente melhorará nesse aspecto.
Todos os dias me arrependo de algo que fiz, pensando que poderia ter feito algo melhor, ou mesmo não ter feito. Isso não indica que sou incompetente, mas que sou imperfeito. Reconhecer sua imperfeição é o primeiro passo para muitas coisas, entre elas a mais importante seja o auto-conhecimento, motivo que levou à criação da ciência.

O que não se pode confundir é com a consciência de que o erro e a tristeza são bons. Afinal, como os orientais a muito descobriram e nós estamos começando a compreender, não existe alegria sem tristeza.

Agora mesmo estou um pouco arrependido de escrever esse texto, que não ficou coeso e expressivo como gostaria. Também recorri diversas vezes ao dicionário, sinal que meu vocabulário está mais pobre. Simultaneamente há o pensamento que deveria estar estudando química e física agora e que deveria escrever mais aqui, incoerências da vida.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Reescrevendo Oscar Wilde

Oscar Wilde uma vez disse:
  • "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas não faz mais do que existir."
Eu diria que viver é coisa comum no mundo. A maioria das pessoas quando morrem deixam de existir.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Tou na vibe e não sabia.

De repente me dei conta de que sou alternativo.
De uma hora pra outra todos que me cercam parecem ser alternativos, são cults, indies e principalmente parece que todos no mundo usam drogas.
Bom já que eu sou o único que não me encaixo em nenhum desses grupos, e principalmente, desprezo drogas, acho que quem é o alternativo sou eu!
Impressionantemente todo mundo conversa sobre as drogas que usaram, que querem usar, quais são legais e aqueles que não gostam disso sentem-se repelidos a ficarem quietos, com medo de alguma discriminação. O fato da estranheza é que deveria ser extamente o contrário, afinal o que deveria ser proibido são as drogas.

Eu até agora falei em tom de brincadeira, mas esse assunto é bem sério. Há uma romantisação das drogas que em avanço cultural e científico dos nossos tempos não deveria existir. Drogas tornaram-se sinônimo de mente aberta, de ampliar as sensações, idéias e, o mais terrível, a inteligência... Que bobagem.
Curiosamente o processo é o inverso, só que um hábito muito comum nosso é não enxergar algo para manter nossos argumentos de pé. Degradar o seu corpo(e sua mente!) é sinal de estupidez, drogas não ampliam suas idéias, na verdade elas limitam, e simplesmente distorcem suas sensações. Mas há sempre as desculpas que os usuários pregam por aí, como que a maconha não faz mal, enquanto é provado que a maconha é muito pior para os pulmões que o próprio cigarro, causando brônquite e câncer. O pior, contudo, são os efeitos psíquicos, como problemas no aprendizado e de memória (agora, podem me falar o que quiserem, mas ninguém nunca vai me convencer que diminuir o poder de aprendizado, característica mais bela nos animais, é algo bom.). Acho que a pior afirmação é que maconha não mata, claro que não, mas até ai a AIDS também não mata, você quer pegar AIDS? Os fatores são diferentes é claro, enquanto a AIDS destrói o seu sistema defensivo, deixando-o a mercê de qualquer doença, a maconha cria as doenças para você morrer.

Isso para falar da droga mais popular, e a que julgam menos inofensiva. Claro que tudo que eu escrevi não serve para nada, todas as pessoas que simpatizam com as drogas já sabem de tudo isso e simplesmente ignoram, isso foi só para reflexão de álguem que já está cansado de um glamour em torno de uma merda.

PS: Não li e reli o texto, só escrevi por escrever, então não deve entrar pra lista dos meus melhores escritos e argumentados.

domingo, 8 de abril de 2007

Gaveta

A muito percebi que aquelas crônicas que costumavam fluir de mim extinguiram-se. Mas hoje me pus a procurar por um texto que traduzisse meu sentimento por você, sem sucesso acabei tentado a produzir um eu mesmo.
Então percebi que não era o talento que me faltava, era apenas a inspiração que estava jogada, como uma velha recordação no fundo de uma gaveta; assim como estava um pouco de lado a minha paixão. Hoje descobri que errei ao achar que meu talento e minha paixão eram inatos a mim, que eu não precisava fazer nada e eles estariam lá. Descobri, pois, que eles são frágeis.
Com os dois de volta me lembrei da felicidade guardada, que eu esquecerá de vestir neste ano de 2007.
Com os três de volta me lembrei porque me faz bem te amar,
Feliz Aniversário