quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Amiga

Lá vem ela, pescoço duro, pressão na testa, enjôo, impossibilidade de olhar um raio de luz sequer.

Minha mais antiga companheira e a que estará comigo depois que todos se forem, quando quiser que apareça, é fácil, um dia sem comer, um pouco de chocolate, refrigerante.

Até acho que, de certa forma, ela é minha amiga, me avisando quando estou passando dos limites, comendo de menos, dormindo de menos, fazendo besteira demais. E quando ela surge é fácil remediar, algumas horas deitado no escuro e tudo passa.

Já é famosa e importante, ao contrário de mim, ajudou Newton a descobrir a refração, Nietzsche a ter uma reclusão, enfim, digamos que ela teve bons contatos; porém, ela não deixa de ser um saco. Doença de mulherzinha, é fruto, ou não de problemas psicológicos, apesar de todas as historinhas, você está aí, firme e forte.

Pra você, minha melhor amiga, enxaqueca.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cacos

Um frasco cai no chão. Apenas mais um frasco, empurrado, por um acaso, para longe da mesa. Dentro dele apenas o seu asco, ao cair, ele gira no ar. Enfim, jogando para todos os lados um número de cacos e, do chão, ergue-se o odor da lembrança do perdão que dei sem que você merecesse. O seu casco pisando o chão. Um frasco em cima da mesa e você sorri ingrata. Jogo-o no chão, com uma cara de espanto, já você não se surpreende com nada, continua com seu olhar, daqueles que não sentem remorso, de quem já acabou muitos, e não pisca com o som do vidro espatifando, afinal, já está tão acostumada à destruição. Já desisti do perdão de instantes atrás. Fita-me, mas, eu não tenho coragem, fico apenas esperando você terminar, depois sair e desaparecer.

domingo, 14 de dezembro de 2008

tantos sonhos que já não se sonham mais
tantos desejos deixados para trás
tudo empilhado, às vezes jogado
esperando uma caixa para ser lacrado

quanto muda nosso querer
só não pode se comprometer
e não possuir mais nada
ser vazio, com a alma parada

e não é isso que me põe medo?
pelo que lutarei amanhã
se tudo deixou de ser o que era mais cedo

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Da terceira vez não passa?

Hoje quase morri, de novo. Depois de nascer em um parto onde só viveria um, eu ou minha mãe -e sobrevivemos os dois, depois de 1 mês de UTI pra mim e duas semanas de coma pra ela-, depois de cair de 8 metros de altura aos 6 ou 7 anos, agora há pouco, 20 minutos atrás(1:40am), um maluco vindo na contra-mão na 23 de Maio passou triscando no meu carro e foi se acabar no muro, ele deve ter morrido e quase levou minha família junto.

Acho que sou um tanto persistente.

editado pela manhã: achei na folha online uma notícia do acidente

domingo, 7 de dezembro de 2008

fundo

será que não podemos
apenas apaziguar
será que não dissemos
tudo o que estava no olhar
quando as coisas vão mal
quase sempre podem piorar
porém a vantagem de se ir ao fundo
é que as coisas só podem melhorar

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Tantas provas que a criatividade ficou sucumbida