terça-feira, 31 de março de 2009

Trauma? Apenas por um dia

Chego no lugar, muitas crianças correndo, barulho e novidades para se acostumar. Puxado pela mão, minha mãe me levando até uma porta no final do pátio; por ela olho o que acontece lá dentro, a fonte do barulho. Vejo crianças de pé, gritando, muitas folhas espalhadas sobre diversas carteiras, uma parede colorida e com pinturas e desenhos pendurados. Não sei bem o que vou fazer naquele lugar, minha mãe apenas me disse que ia ficar lá até de tarde; porém, agora não tenho tempo para pensar nela, muita coisa para ver.

Minha boca meio aberta, percebo que as crianças todas são amigas, grupinhos brincando, deve ser isso o que vim fazer, mas como vou brincar com essas crianças? Como conhecer pessoas novas? Sinto medo, medo de ficar sozinho em meio a tanto barulho e diferenças. Logo minha boca começa a tremer.

Uma mulher gorda se aproxima, usa uma camisa de flores roxas, ou pelo menos eu acho que são flores, o cabelo bem curto é parecido com o meu e ela tem um grande sorriso. Então sinto um abraço, justo enquanto ainda estava desprevinido.
-Tchau, filho.
-Pode deixar mãe, vou cuidar bem dele.
Quando vou fechar meus braços e aproveitar o carinho, ela já se afastou, apenas vai caminhando para trás enquanto me olha, eu choro. Algumas crianças já me percebem enquanto sou puxado para dentro pela mão gorda, não sei o que fazer, é o dia mais assustador da minha vida. Sento no fundo, onde posso olhar a todos e a mim ninguém; a mulher solta o assovio mais alto que já escutei e diz que a aula vai começar.

No segundo dia, apenas ri divertido quando soube que ia para a escola novamente.

segunda-feira, 9 de março de 2009

poema dos resignados

Hoje solucei mais uma vez
apenas por lembrar do que se foi para ficar
na memória dos que sofrem

Pensando no que é, no que será
e que nada se tornou o que era de se esperar
que a vida mudou, como você verá

Sinceramente, não consigo mais lembrar
se eu podia te fazer rir ou não
só sei que, hoje, você pode me fazer chorar